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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

FESTIVAL DE FÉRIAS - LADO A LADO

Estamos chegando perto do Natal e certamente muitas pessoas estão com uma sensação de tristeza em meio a euforia de compras para ceia e presentes. É hora de lembrar dos bons e maus momentos, dos familiares e amigos que estão longe ou que já são falecidos e muitas dessas recordações podem ser proporcionadas revendo um simples filme. Passados quase quinze anos desde seu lançamento, Lado a Lado (1998) é um título que ainda cai muito bem para esta época do ano. Além de uma bela história sobre família e solidariedade, o longa tem certa melancolia que combina com o espírito das comemorações de fim de ano. Perdoar é uma das mais importantes e difíceis tarefas que o ser humano tem e um dos temas mais comentados do período ao lado do aprendizado de viver com seus semelhantes em harmonia. É justamente esses dois itens que conduzem o drama recomendado para o dia de hoje.
 
A trama gira em torno da rivalidade existente entre Jackie (Susan Sarandon) e Isabel (Julia Roberts). A primeira é a ex-esposa de Luke (Ed Harris), com quem teve dois filhos, Anna (Jena Malone) e Ben (Liam Aiken). Já a segunda é a atual namorada deste chefe de família que se encontra em uma complicada situação. Mantém uma relação amigável com a antiga mulher, mas esta não tolera a sua nova companheira e não perde a chance de criticá-la e envenenar a relação. O filho caçula até aceita a nova união do pai, mas sua irmã é uma adolescente que se revolta, pois ainda deseja a reconciliação dos pais. Luke por sua vez tenta de tudo para que sua namorada seja aceita por todos. Entre discussões e fofocas, a trégua entre Jackie e Isabel acaba por acontecer de uma maneira inesperada. A mãe das crianças revela que está com câncer e agora precisa aceitar que sua então inimiga mais cedo ou mais tarde tomará conta de Anna e Ben. Só que até as duas entrarem em um acordo muita coisa pode acontecer.

Duas das maiores estrelas dos últimos tempos do cinemão americano juntas em um mesmo filme só pode significar duas coisas: um belo duelo de interpretações em cena e muita fofoca de bastidores a respeito da guerra de egos. Contrariando as expectativas, Susan e Julia se deram tão bem nos bastidores que tal cumplicidade passou para as telas. Elas são enérgicas nos momentos de raiva de suas personagens e transbordam emoção quando são forçadas a se unir em prol de um bem maior. Contar que depois de muitas brigas elas ao menos passam a ser tolerantes uma com a outra não é estragar a surpresa de ver este drama, pelo contrário. O segredo do sucesso está na delicadeza com que o diretor Chris Columbus trabalha as situações do enredo que por mais clichês que sejam não deixam de ser tocantes.
Temos aqui as diversas tentativas de Isabel em conquistar a confiança e o amor de seus enteados, situações quase sempre falhas. A frustração dela que ainda não tem a maturidade necessária para passar por cima das decepções. Jackie por outro lado usa sua experiência de vida para fazer jogo duplo, sem levar a coisa para o lado da vilania. Ainda se mantém dócil e compreensível na presença do ex-marido, mas é um tanto ardilosa quando precisa se dirigir à rival, o que demonstra que ainda não superou o fim de seu casamento. Como água mole em pedra dura tanto bate até que fura, é óbvio que Isabel conseguirá amolecer o coração de Ben e Anna através de situações típicas de mãe e filhos, para o desespero de Jackie que tem que lidar com a agonia de que realmente tais cenas serão rotineiras em um futuro próximo. O filme é desenvolvido em cima da previsibilidade, mas encontra na sinceridade de suas intérpretes o seu diferencial. Raramente o cinema oferece espaço para dois bons papéis femininos e aqui em nenhum momento uma ou outra é rascunhada como vilã ou coitadinha. Ambas são mulheres comuns em busca da felicidade e que vivem os bons e os maus momentos da vida, erram e acertam. Aos trancos e barrancos elas podem se entender, porém, não deixando no ar a sensação de felizes para sempre, mas sim a entender que houve a conformidade, o que confere a obra um realismo ausente na maioria dos dramas feitos para emocionar principalmente as platéias femininas.

Columbus, especialista em obras para mexer com as emoções dos espectadores mesmo quando investindo no humor, como nos primeiros filmes Esqueceram de Mim e Uma Babá Quase Perfeita, mais uma vez acerta ao realizar um trabalho simples e eficiente. Não inova nas filmagens, na edição e tampouco reserva ao desenvolvimento do enredo momentos majestosos, porém, consegue imprimir em sua obra um sentimentalismo único e tocante. O segredo é ser despretensioso. O diretor afirmou que realizou o projeto com o objetivo de homenagear sua mãe e esse carinho existente nessa relação era tão forte que não é a toa que a maioria das matriarcas ficam encantadas com Lado a Lado. Pode parecer um filme bobinho e sem importância, mas talvez só coração de mãe mesmo para compreender o conteúdo desta produção que acabou colhendo sem querer elogios da crítica e chegou a ser apontado como aposta para o Oscar. A Academia infelizmente não conferiu indicação alguma, mas o público tratou de dar o reconhecimento máximo e merecido à obra. Clássico moderno? Pode não chegar a tanto, mas certamente está guardado com carinho na memória e nos corações de quem assistiu.

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