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domingo, 2 de dezembro de 2012

FESTIVAL DE FÉRIAS - MISSÃO MADRINHA DE CASAMENTO

Com o dinheirinho extra e as gratificações que as pessoas recebem no final do ano, dezembro cada vez mais fica conhecido como o mês das noivas. Embora muitos casais apenas se casem no civil ou simplesmente juntam os trapinhos sem festejos, ainda há muitas pessoas que sonham com uma festa deslumbrante, principalmente as mulheres. A obsessão pelo casamento perfeito é um tema constante para as comédias românticas americanas, assim muitas delas não passam de um filminho bacana para matar uma tarde livre, porém, Missão Madrinha de Casamento (2011) surgiu como uma exceção. Sucesso indiscutível em terras ianques, conquistando inclusive duas indicações ao Oscar, o longa na realidade é mais uma comédia eficiente como passatempo e só. Talvez o burburinho que gerou seja pelo fato das mulheres balzaquianas serem as estrelas desta fita cuja produção ficou a cargo de Judd Apatow, responsável pela direção e enredo de O Virgem de 40 Anos e Ligeiramente Grávidos. Desta vez ele apostou nos dilemas femininos em torno das perspectivas para o futuro ao invés dos dramas cômicos vividos por homens que se esqueceram de crescer e passam o tempo todo pensando em sexo, bebidas e drogas. Mudança de ares bem-vinda para o currículo de Apatow.
 
Com estética e diálogos perfeitos para agradar fãs de Sex and the City e tantos outros filmes em que as mulheres são o centro das atenções, a trama gira em torno dos preparativos do casório de Lilian (Maya Rudoplh) que convida Annie (Kristen Wiig), sua melhor amiga, para ser uma de suas madrinhas. O problema é que esta convidada de honra está enfrentando problemas pessoais e profissionais que a tiram do sério e a fazem se sentir inferior e infeliz, mas mesmo assim ela quer se dedicar ao máximo para fazer o melhor casamento possível para sua amiga, ainda que sentindo uma pontinha de inveja da felicidade da noiva. Muito atrapalhada para organizar listas de presentes, escolher vestidos, fazer o chá de cozinha entre outras obrigações de uma boa madrinha, uma tradição americana, Annie ainda terá que enfrentar uma rival. Entre outras convidadas a ocupar a função de estar ao lado da noiva até o último minuto da festa, Helen (Rose Byrne) também está disposta a ser a melhor amiga de Lilian, assim como ocupar o posto de exímia organizadora de eventos matrimoniais. A rivalidade entre as duas começa instantaneamente na hora em que são apresentadas.
Logo nos primeiros minutos do filme já sentimos que não estamos diante de uma comédia romântica tradicional. Seguindo as tendências que o próprio Apatow criou, já na introdução somos apresentados ao cotidiano e perfil pouco convencional de Annie. Ela quebra os padrões tão comuns às mocinhas do gênero. Namoradeira, desbocada e briguenta, esta madrinha tem um perfil bem oposto ao da noiva a quem ela não desdenha, mas percebe-se que adoraria viver uma vida como a da amiga e ser o mínimo parecida com o jeito de ser dela. Não seria errado dizer que são nas demonstrações de invejas que encontramos o humor do longa. Se os homens resolvem seus problemas na base da porrada e xingos, as garotas no caso preferem usar sinais discretos e trabalhar com entonações dóceis de suas vozes para alfinetar umas as outras. Isso até que a paciência esgota e é inevitável colocar para fora em alto e bom som tudo aquilo que as aflige. Por exemplo, Annie explodindo de raiva durante o chá de panela de Lilian compõe uma das cenas mais divertidas.
Kristen Wiig, além de roubar a cena, é também a responsável pelo elogiado roteiro escrito em parceria com Annie Mumolo. Muitos não encontram razões para o tamanho do sucesso desta produção, que no final das contas é uma comédia romântica acima da média, mas nada de outro mundo. É provável que a palavra que explique tal êxito seja ousadia. Ninguém melhor que duas mulheres no comando da narrativa para revelar a perversidade feminina ao invés da doçura e ingenuidade tão comuns às moças que sonham com o casamento. Até aí tudo bem, mas a mão pesada de Apatow dando suporte à produção ajuda a exagerar na desconstrução das donzelas apostando em algumas piadas de mau gosto, tendo como principal expoente a atriz Melissa McCarthy com sua personagem Megan. Não há como ver a roliça madrinha e não se lembrar dos prolixos personagens de Zach Galifianakis, um dos pés de coelho de Apatow. Megan protagoniza cenas e piadas grosseiras, mas não chega a bater o número de sequências do tipo vividas por Annie. Outra ressalva ao roteiro fica por conta da apática participação das demais madrinhas na narrativa. Rita (Wendi McLendon Covey) e Becca (Ellie Kemper) fazem figurações de luxo praticamente.
Se no passado muitas comédias apostavam em escatologia, grosserias, piadas de duplo sentido, humilhações e afins para conquistar o público adolescente, hoje estes mesmos elementos estão a serviço do gênero, mas de olho no pessoal que já passou dos trinta anos. Outra diferença é que atualmente o humor escrachado vem acompanhado de mensagens edificantes. Após as longas duas horas de duração de Missão Madrinha de Casamento (este exagero trabalha contra a obra por esticar além da conta certas cenas), sabemos que tudo acabará bem e é até possível pensar um pouco mais sobre os caminhos que traçamos para nossas vidas, mas nada muito profundo. No fundo, o grande mérito deste trabalho dirigido por Paul Feig, de Menores Desacompanhados, é transpor as temáticas comuns às comédias masculinas para o universo masculino. É curioso, porém, o tanto de críticas negativas que o longa recebeu e ainda recebe no Brasil. O lado positivo disso é que parece que nós brasileiros aprendemos a ter opinião própria. Quase unanimemente esta produção é classificada como um passatempo dos bons, mas nada além disso contrariando a imagem vendida pela publicidade americana que tratou o filme como a cereja do bolo. De qualquer forma uma boa opção para um domingo a tarde.   

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